Preparar a terra do coração, revolver os canteiros da mente, semearas boas sementes é nosso dever. Florescer, perfumar e frutificar é a parte que compete aos Espíritos que nos são confiados, como filhos. Que Jesus te Ilumine.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
A busca do amor
Em plena juventude, como fruto verde que aguarda a primavera, esperei
intensamente pelo amor.
Todas as manhãs, abria a janela de minha alma e esperava que o novo
dia me trouxesse o amor.
E porque ele tardasse a chegar, fechei as portas e janelas, selei os
portões e saí pelo mundo.
Andei por caminhos inúmeros e estradas solitárias. Por vezes, ouvia
o cortejo do amor que passava ao longe. Corria e o que conseguia ver
era somente corações em festa, risos de alegria. O amor passara e
eu continuava só.
Algumas noites, chegando às cidades com suas mil luzes piscando
vida, ousava olhar para dentro dos recintos. Via mães acalentando
filhos, cantando doces canções de ninar; casais trocando juras;
crianças dividindo brincadeiras entre risos e folguedos.
Em todos estava o amor. Somente eu prosseguia solitário e triste.
Depois de muito vagar, tendo enfrentado dezenas de invernos, resolvi
retornar.
De longe, pude sentir o perfume dos lírios. Quando me aproximei,
pude ver o jardim saudando-me.
Você voltou! – Falaram as rosas, dobrando as hastes à minha
passagem.
Seja bem vindo! – Disseram as margaridas, agitando as corolas
brancas.
É bom tê-lo de volta. – Saudaram os girassóis, mostrando suas
coroas douradas.
Tanto tempo havia se passado e, de uma forma mágica, os jardins
estavam impecáveis. As cores bem distribuídas formavam arabescos na
paisagem.
Uma emoção me invadiu a alma. Abri as portas e janelas do meu ser.
Debruçado à janela da velhice, fitando a ponte que me levará para
além desta dimensão, o amor passa por minha porta.
Apressadamente, coloco flores de laranjeira na casa do meu coração.
Atapeto o chão para que ele entre, iluminando a escuridão da minha
soledade.
Tremo de ternura. Já não sofro desejo, nem aflição.
Os olhos felizes do amor fitam os meus olhos quase apagados,
reacendendo neles a luz que volta a brilhar.
Há tanta beleza no amor que me emociono.
Superado o egoísmo, não lhe peço que entre e domine o meu
coração rejuvenescido.
Em razão disso, agora que descubro de verdade o que é o amor, não
o retenho. Deixo-o seguir porque amando, já não peço nada. Agora
posso me doar aos que vêm atrás, em abandono e solidão.
Aprendi a amar.
* * *
Feliz é a criatura que descobriu que o melhor da vida é amar.
Feliz o que leu e entendeu o cântico do pobre de Assis: É dando que
se recebe, é perdoando que se é perdoado, é melhor amar que ser
amado.
Por ser de essência Divina, o amor supre na criatura todas as suas
necessidades e a torna feliz, mesmo em meio às dificuldades, lutas e
tristezas.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. LVII, do livro
Estesia, pelo Espírito Rabindranath Tagore, psicografia de Divaldo
Pereira Franco, ed. Leal.