Essa quem nos conta é Marcel Souto Maior no livro “As Vidas de Chico Xavier” (Editora Planeta).
Jorge era um visitante assíduo nas reuniões de fins de semana promovida por Chico p/ atender a infinidade de pessoas que o buscava. Ele sempre chegava descalço e cheirando muito mal, era um morador de rua que vivia numa favela próxima. Nos lábios tinha uma ferida crônica que sangrava sempre que gargalhava, quando dava para ver os poucos dentes podres que restaram em sua boca. As pessoas fugiam dele devido o mau cheiro e o hálito que recendia a distancia.
- Como vai a vida meu amigo? –Saudava-o Chico todas as semanas o recebendo como se fosse a primeira vez ou a um amigo que estava saudoso e a muito na via.
- Ah. Tio Chico. A vida é uma beleza!
A conversa ia por 5 a 6 minutos. Na fila as pessoas mostravam impaciência e tampavam o nariz. Jorge sempre contava as novas da semana. Era briga de gatos na rua, abordagens da policia, restos de comida saborosas que comia, chuvas, etc... Quando todos pensavam que o assunto esta acabando. Chico virava-se para os circunstantes e dizia:
- Agora o nosso Jorge vai declamar alguns versos.
Jorge não se fazia de rogado e disparava com algumas rimas e Chico ria a valer.
- Agora recita aquela que eu gosto tanto. Aquele da moça bonita.
Ai o riso era geral e o ambiente se desanuviava. No fim Chico se despedia beijando-lhe as mãos, mas Jorge no auge do entusiasmo sapecava-lhe um beijo do rosto deixando manchas de sangue nas bochechas de Chico.
O que impressionava é que apesar do mau hálito. Chico nunca esboçou um recuo, mesmo instintivo, assim como nunca levava o lenço ao rosto para limpar a bochecha.
E assim sempre foi durante anos. Jorge, mais muitos outros, que estiveram nestas reuniões de sábado à noite, sempre saiam de lá se sentindo aceitos e queridos. Sentiam-se especiais com a acolhida. Como que fortificados para tocarem suas vidas nem sempre fáceis.
Texto enviado pelo amigo Sérgio Carneiro - Resenha Espirita