Sou o que somos
Todos temos sempre algo mais a aprender. Não somos pessoas acabadas
às quais nada mais possa ser acrescentado.
É por isso que os que temos ouvidos de ouvir e olhos de ver nos
encantamos com as pérolas que descobrimos em toda parte.
Quando menos se espera, eis uma preciosidade a se apresentar.
Não foi diferente com um antropólogo que foi à África com o
objetivo de estudar usos e costumes tribais. Concluída sua tarefa,
aguardava o transporte que o conduziria ao aeroporto, de retorno ao
lar.
Observando as crianças que brincavam, resolveu propor uma
brincadeira-desafio.
Adquiriu doces variados e os colocou em um cesto, com um belo laço
de fita, debaixo de uma árvore.
Aí, chamou as crianças e lhes disse que quando ele gritasse a
palavra: /Já!,/ elas deveriam correr até o cesto.
O vencedor ganharia todas as guloseimas que ele continha.
As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou
no chão e esperaram pelo sinal combinado. Quando ele disse /Já!,/
elas se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore.
Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem
felizes.
O antropólogo foi ao encontro delas e lhes perguntou por que tinham
ido todas juntas se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto
e, assim, ganhar muito mais doces.
Elas simplesmente responderam: /Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia
ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?/
* * *
/Ubuntu/ é uma antiga palavra africana, cujo significado é
/humanidade para todos/. /Ubuntu/ também quer dizer /sou o que sou
devido ao que todos nós somos./
Que bela filosofia! Totalmente acorde ao amor ao próximo como a si
mesmo, ensinado por Jesus.
Como posso ser feliz tendo tanto se meu irmão padece fome e frio?
Como posso ser feliz enquanto meu irmão padece por falta de
medicamentos?
Por que devo desejar tudo para mim e não deixar nada para meu
irmão?
Verifiquemos como, em tantas oportunidades, nós mesmos, na qualidade
de pais, incentivamos nossos filhos a apanharem tudo que podem para
si.
Basta que recordemos das festinhas, onde são distribuídos brindes e
guloseimas.
Alguns pais chegam a entrar na brincadeira para conseguir algo mais
para os seus filhos.
Estamos incentivando o egoísmo em detrimento do amor ao próximo, do
partilhar, do ficar feliz repartindo com o outro.
Isso é um grande promotor do tudo para mim, sem me importar com o
semelhante.
Pensemos nisso e principiemos a vivenciar mais o partilhar, o
dividir, ensinando, ao demais, nossos filhos, desde pequeninos, a
assim proceder.
Recordemos que todos ansiamos por um mundo melhor, mais justo.
Façamos a nossa parte, desde o hoje.
/Redação do Momento Espírita, a partir de fato narrado pela
jornalista Lia Diskin, no /Festival Mundial da Paz/, em
Florianópolis, SC, no ano de 2006./
Ricardo Severino
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