quarta-feira, 26 de setembro de 2012

[Momento em Casa] - Privilegiada velhice

Privilegiada velhice

O anúncio de sua morte se deu em 2009, poucos dias antes dela
completar noventa e nove anos de idade. Em 2005, foi descoberta por
uma equipe de reportagem, realizando seu voluntariado junto a idosos.

Natural de Bassano del Grappa, norte da Itália, veio para o Brasil
fugindo da guerra.

Ela ganhou as telas das emissoras televisivas, sendo entrevistada em
dois programas nacionais, em 2008. Numa delas afirmou que, no ano
anterior, aos noventa e sete anos, tinha renovado sua carteira de
motorista.

E, apesar de recomendações dos familiares para abandonar a
direção, ela continuou a comparecer ao serviço voluntário, em
dois locais diferentes, dirigindo seu fusca laranja, ano 74.

Recebeu do governo do Rio Grande do Sul o troféu /Ana Terra/, pelos
relevantes serviços prestados à comunidade.

Radicada em Bento Gonçalves, no estado gaúcho, demonstrava
agilidade física e mental.

Seu nome é Ana Varianni. Servindo ao seu semelhante, no /Lar do
ancião/ e na /Sociedade Beneficente Santo Antônio/, mostrava grande
carinho.

Em uma das instituições, era responsável por nada menos de doze
idosos, que se encontravam na faixa dos setenta-setenta e cinco anos.

Servia-lhes a alimentação na boca, dadas as deficiências de que
eram portadores. E, no seu sotaque italiano carregado, que lhe
conferia ainda mais especial sonoridade, ela amassava a comida para
os que não tinham possibilidade de boa mastigação e incentivava:
/Ora, vamos, onde se viu uma senhora dessa idade não querer comer?
Se não comer, não pode viver. Vamos lá!/
/ /
Cuidadosa, afirmava que agora, quase aos cem anos, não se permitia
dirigir em grande velocidade, ia devagar. A uma indagação
espirituosa do entrevistador que se disse apaixonado por ela e lhe
propôs casamento, ela objetou:

/Meu amigo, nessa altura da vida, o melhor é que sejamos bons
amigos!/
/ /
Seu filho assim se expressou, quando da ocorrência de sua morte:
/Tenho a melhor das lembranças de minha mãe. Ela viveu intensamente
e alcançou todos os objetivos da vida dela com os filhos, os netos e
trabalhando para o bem-estar da sociedade./
/ /
/* * */
/ /
Ana morreu deixando o exemplo do dinamismo que os anos não podem
apagar. Altera-se a máquina física, as forças já não são tão
intensas, contudo, a vontade de agir permanece firme.

Exemplo para tantos que nos dizemos tristes porque já não podemos
fazer tudo que fazíamos na juventude. Seria de analisar: /Será que
não conseguimos mesmo ou será que nos acomodamos, em nome de uma
certa soma de anos vividos?/
/ /
Exemplos inúmeros existem que nos demonstram que o Espírito se
sobrepõe ao corpo e o comanda.

Maia Plisetskaya, a bailarina russa, aos sessenta e um anos de idade,
com um corpo impecável de bailarina clássica, dançou /O lago dos
cisnes/.

Interpretou a infeliz Odete que, transformada em cisne branco morre
de amores. Extraordinária performance.

Essas criaturas nos dizem que devemos sacudir a poeira dos ombros,
retirar as teias de aranha do pensamento e viver.

Viver intensamente, não nos permitindo parar de aprender, de
estudar, de produzir. Da forma que consigamos.

Alguns poderemos ter algumas limitações. Busquemos superá-las e,
de uma vez para sempre, retiremos do nosso vocabulário as frases:
/Estou velho. Não sirvo mais para nada./
/ /
/Redação do Momento Espírita.