segunda-feira, 19 de setembro de 2011


Onde estão os anjos?

Aquela era mais uma tarde de trabalho abençoado na escola de
evangelização infantil de uma Casa Espírita.
Todas as semanas, um grupo de mães e seus filhos, de idades
variadas, adentravam as portas da instituição de amor e caridade.
Naqueles encontros semanais, as famílias buscavam o alimento para a
alma, que lhes era ofertado através dos ensinamentos cristãos e das
palavras de conforto que partiam do coração de cada trabalhador
devotado.
Também lhes era ofertado o alimento para o corpo pois, depois dos
estudos e de outras atividades, as mães e seus filhos desfrutavam de
um lanche, preparado com muito carinho e dedicação.
Uma vez por mês, em um desses encontros, lhes era oferecido um
lanche especial.
As crianças esperavam ansiosamente por esse dia, pois sabiam que
receberiam um agrado diferente. A maioria vivia em condições de
muita dificuldade financeira, tendo na sua rotina apenas o alimento
básico para o sustento.
Foi num desses lanches que aconteceu algo inesperado. As crianças
receberam guloseimas. Logo as abriram e degustaram com rapidez.
Porém, uma das crianças, de apenas quatro anos, ao receber as
balinhas que foram depositadas na sua pequenina mão, fixou
demoradamente o olhar nelas e, em seguida, guardou-as em seu bolso.
A pessoa que as entregou, estranhando a atitude, resolveu perguntar
por que ele não iria saborear as guloseimas naquele momento.
O menininho disse que gostava muito dos docinhos mas que iria
guardá-los para o irmão que havia ficado em casa. A mãe não tinha
como transportá-lo por não ter uma cadeira de rodas.
* * *
Esse ato de amor de um coração infantil nos traz uma grande
lição.
Evidencia o desprendimento de uma criança que, com espontaneidade,
abriu mão de algo que apreciava, para ofertar ao irmão que ali não
podia estar.
Ao renunciar à própria vontade em nome de fazer o outro feliz, essa
doce criança mostrou-nos possuir um nobre sentimento: a abnegação.
Na sua pequenez, mostrou que o amor está em nós, que não precisa
ser ensinado, que basta algo ou alguém para despertá-lo.
Mesmo sem ter disso consciência, essa criança agiu como um anjo,
zelando e cuidando de um ente querido e amado, seu próprio irmão.
* * *
Que possamos ter olhos sensíveis para ver o quanto podemos aprender
com a simplicidade das atitudes infantis.
Que possamos estar atentos às palavras e ações vindas desses
corações inocentes.
/A pureza do coração é inseparável da simplicidade e da
humildade. Exclui toda ideia de egoísmo e de orgulho. Por isso é
que Jesus toma a infância como emblema dessa pureza, do mesmo modo
que a tomou como o da humildade./

/Redação do Momento Espírita, com frase final do item 3, do/
/ cap. VIII de O Evangelho segundo o Espiritismo,/
/ de Allan Kardec, ed. Feb./

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Ricardo Severino
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