Onde estão os anjos?
Aquela era mais uma tarde de trabalho abençoado na escola de
evangelização infantil de uma Casa Espírita.
Todas as semanas, um grupo de mães e seus filhos, de idades
variadas, adentravam as portas da instituição de amor e caridade.
Naqueles encontros semanais, as famílias buscavam o alimento para a
alma, que lhes era ofertado através dos ensinamentos cristãos e das
palavras de conforto que partiam do coração de cada trabalhador
devotado.
Também lhes era ofertado o alimento para o corpo pois, depois dos
estudos e de outras atividades, as mães e seus filhos desfrutavam de
um lanche, preparado com muito carinho e dedicação.
Uma vez por mês, em um desses encontros, lhes era oferecido um
lanche especial.
As crianças esperavam ansiosamente por esse dia, pois sabiam que
receberiam um agrado diferente. A maioria vivia em condições de
muita dificuldade financeira, tendo na sua rotina apenas o alimento
básico para o sustento.
Foi num desses lanches que aconteceu algo inesperado. As crianças
receberam guloseimas. Logo as abriram e degustaram com rapidez.
Porém, uma das crianças, de apenas quatro anos, ao receber as
balinhas que foram depositadas na sua pequenina mão, fixou
demoradamente o olhar nelas e, em seguida, guardou-as em seu bolso.
A pessoa que as entregou, estranhando a atitude, resolveu perguntar
por que ele não iria saborear as guloseimas naquele momento.
O menininho disse que gostava muito dos docinhos mas que iria
guardá-los para o irmão que havia ficado em casa. A mãe não tinha
como transportá-lo por não ter uma cadeira de rodas.
* * *
Esse ato de amor de um coração infantil nos traz uma grande
lição.
Evidencia o desprendimento de uma criança que, com espontaneidade,
abriu mão de algo que apreciava, para ofertar ao irmão que ali não
podia estar.
Ao renunciar à própria vontade em nome de fazer o outro feliz, essa
doce criança mostrou-nos possuir um nobre sentimento: a abnegação.
Na sua pequenez, mostrou que o amor está em nós, que não precisa
ser ensinado, que basta algo ou alguém para despertá-lo.
Mesmo sem ter disso consciência, essa criança agiu como um anjo,
zelando e cuidando de um ente querido e amado, seu próprio irmão.
* * *
Que possamos ter olhos sensíveis para ver o quanto podemos aprender
com a simplicidade das atitudes infantis.
Que possamos estar atentos às palavras e ações vindas desses
corações inocentes.
/A pureza do coração é inseparável da simplicidade e da
humildade. Exclui toda ideia de egoísmo e de orgulho. Por isso é
que Jesus toma a infância como emblema dessa pureza, do mesmo modo
que a tomou como o da humildade./
/Redação do Momento Espírita, com frase final do item 3, do/
/ cap. VIII de O Evangelho segundo o Espiritismo,/
/ de Allan Kardec, ed. Feb./
Ricardo Severino
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