segunda-feira, 28 de maio de 2012

Resenha: OVERDOSE

Overdose
 
Nasci em um lar pobre, mas repleto de cuidados e muito carinho. Isso me ajudou. Tinha a "sensação que estava preso num saco de carne mole e disforme". Ninguém pode imaginar a tortura para um deficiente com paralisia cerebral profunda, o que é uma mosca caminhando pelo seu rosto e não podendo fazer nem um movimento. Imagine o restante. Mas mesmo assim tinha consciência de mim. Meus pais e minhas duas irmãs foram incansáveis nos meus 18 anos de vida naquele corpo disforme e quase sem movimento. Morri após uma crise respiratória. Não tinha músculos que me ajudassem a respirar. Fui socorrido e levado a uma instituição no Plano Espiritual e ali com muita ajuda e muito esforço fui me recuperando gradualmente. Ai veio às recordações das causas. Era um moço bonito e sadio, mas muito imaturo e deslumbrado com a vida boa que levava. Sempre com muito dinheiro e fazendo sucesso com as moças e admirado pelos amigos. No meio de tanto estimulo a vaidade e com muito tempo disponível acabei caindo na cilada das drogas. Tornei-me logo um viciado e caminhei das leves para as pesadas. Desagreguei o núcleo familiar. Roubei, assaltei casas, levei medo e pânico a muitos lares. Tudo para ter drogas que passei a sentir mais necessidade. Cheguei ao ponto de não aguentar nem a mim mesmo. Apoiado por obsessores terríveis decidi me matar com uma super overdose. Aconteceu que não morri, apenas sai do corpo físico e no corpo espiritual continuei com as mesmas angustias e.  necessidades. Fiquei muito tempo preso ao corpo e vivenciando sua a putrefação. Por fim após anos fui socorrido quando completamente exausto me lembrei de Deus e consegui balbuciar algumas preces que tinha aprendido na minha infância com uma baba. Encaminhado para um hospital no Plano Espiritual foi providenciado quase que imediata reencarnação. Era a única maneira de fazer alguma coisa que diminuísse meu sofrimento antes de enlouquecer de vez. Precisa esquecer.  Refazer parte de meu corpo espiritual e do meu psiquismo mesmo nesse sofrimento em que cheguei ao mundo. O tempo para mim parecia não andar. Nunca terminava nada porque sempre era um recomeço. É muito difícil ajudar um suicida e ainda pior quando viciado. Tudo que possam me fazer de bem não surtia efeito. Por isso tive de nascer quase que compulsoriamente e trouxe comigo o que sobrou da desastrada vida anterior. No lar que nasci, mais que o alimento o que me dava grande alivio era a atenção e as palavras carinhosas que me dirigiam. Quando minhas irmãs olhavam para mim e sorriam era como uma pequena pausa no que sentia.
Espero agora mais equilibrado, porém longe do ideal, poder reiniciar minha jornada de reaprendizado da vida. Reencarnarei em breve ainda com algumas deficiências, porém mais fáceis de lidar. Preciso e precisarei muito das preces de todos para me sustentar.
Texto feito a partir da leitura do livro "Deficiente Mental – Por que fui um? - de Vera Lucia Marinzeck/espíritos diversos – Editora Petit – Livro que recomendamos.
E mail do Autor: rsergio39@yahoo.com.br
 





--
Ricardo Severino
11 2456.7102 - 11 8729.8900 - 12 9144.5500